quinta-feira, 19 de abril de 2012

A tragada infame


Andei fumando meus momentos
Com folhas do seu livro
Não passam de palavras, sem coesão
Traguei seus olhares
Em terras de mortos , a estrela brilha
Muito longe de casa
Não é uma vergonha
Ser feliz poderia , sim
Chuva vermelha molha os carros em toda parte
Com os lábios de fogo e areia vamos em paz
Dançando não mais de acordo com a música
Aceitar momentos sem pingos de ilusão
Morta no sorriso
Assim vou e deslizo
Em caminhos que jamais imaginei existir
Costumava matutar assim como amava
Na minha imaginação
O telefone toca de acordo com a sua canção
Por mais insanas que foram as lágrimas
Elas evaporaram e viraram chuva
Pura para lavar as vielas do coração
Como os amantes fariam dor virar etiqueta?
Traga-me por favor a benção do sorriso
Do seu olhar.
Duas rodadas de beijos calorosos
Coloque seu amor em minhas mãos calejadas
Aperte meu pulsar mesmo que seja com ódio
Cante a minha canção
Inunde suas artérias com acordes das minhas melodias
Turbilhões de concepções acenderam faíscas verdes
Onde eu passava encontrei pedaços dos papeis das suas balas
Sabor de um único beijo que cultivei
Castelos de borracha cercam nossa cidade
Entrei num táxi
O motorista não estava acostumado com momentos de desabafo
Parei no único sepulcro
Limpei as folhas secas, murmurei momentos
Afoguei insonias
Tenho mil fábulas se esvaindo de mim
Verde abacate,roxo das uvinhas doces
Quero ler seus gestos
Cultivas um amor sem reciprocidade
Que seja
Joguei no lixo fragmentos poéticos que um dia te daria
O momento do ápice do sentimento
Saudade do jeito mais maduro
Do menino que afagava meus ombros
Ao toque suave me entregava revistas
Que vive a cada dia melhor dentro de mim
Cultivo as flores de plástico que comprei da sua mãe
Ainda há um perfume que poderia ser teu
Coração ateu
Rimas pobres
E uma saudade imensa que aperta meu peito
Na guilhotina da vida.