sábado, 16 de junho de 2012

Condução bruta.

Mastiga tempo sem digerir
Mastiga sapato sem ruminar
Morre sem roupa
Casa sem dente
Mora na ponte
Junto do amor
Teia de aranha na boca
Ama sem amar
Beijar sem apertar
Agride e perde o sapato da Cinderela
Joga plural sem concordância
Escreve talhando pedra
Patina no fogo com rodas de marfim
Brinca de letras
Brinca de amar
Brinca de ser amigo
Brinca de ser tudo
Brinca com a pieguice alheia
Morde as asas de pombo
Acha até que é frango
Arranca cabelos com pinça
Faz as unhas com alicate de fio
É um pacote plácido
De asneira.
Só podia ser a bandeira na geladeira
Música do vento que bate na pedra
A melodia da onda
A sombra da solidão
O gosto verde da alucinação
Joga relógio no abismo
Perde a noção do tempo
Ouve música
Sem saber o melhor acorde.
Neologia da paixão
Paixão por diversidade
Essa é a condução bruta.

Hipocrisia altruísta.


Mãos altruístas
Alguns se acham poetas
Alguns se mordem em elogios simplórios
Alguns ignoram a própria realidade
Alguns fazem sarau com cordas de roupa
Alguns escrevem em forma de hieróglifos
Os que criticam política são imbecis
E o crítico que critica critico é pior deles
Sabe o melhor a fazer?
É falar bem do crítico
E jogar achismos no esgoto.
Alguns querem ser escritores
Alguns são advogados
Alguns advogados são realizados
Outros não sei.
Alguns engenheiros
Alguns nem tem dinheiro do pão
Alguns querem vender a própria mãe
Alguns e algos querem nadar em enxofre
Alguns são apenas aspirantes à ignorância
Alguns tem a ignorância como melhor qualidade
Uns se acham mestres em atear indiretas
Alguns fazem recitais com meros pedaços de papel
Alguns amam se fingir de inteligentes
Há mãos altruístas
Há poetas exímios
Porém mortos
Alguns vestem o cérebro de calcinhas
A maioria vive no anonimato
A piscina de frangos
Está cheia de mulheres de cabelo azul
Os doces tem gosto de barro
O azedume dos olhos de quem vê
A inveja não existe
É apenas um clichê
As rimas são pobres
E eu mais ainda
Os leitores que me batam
Mas estou em busca de críticos
Não de elogios fofinhos vindos de gente sem cérebro
Ou que tem , todavia é virgem.
As mãos altruístas
Queria mesmo assim escrever com palavras esdrúxulas
Fazer os verbos de adjetivos
E os adjuntos adverbiais de artigos.
Alguns amam a religião
Alguns que amam religião
Tratam o ser humano como excremento
A escória da sociedade
Não, não sei escrever.
Tenho momentos de devaneios
Algo faz cócegas nos meus dedos
E chuta meu cérebro pelo nariz.
Sabe o que quero?
Que o ser humano apague as mazelas e indiferenças com borracha
Raspe o cinto de castidade com a língua.
A gente só fala asneira.
Pula de cachoeira em cachoeira
E come pizza quentinha na rede
Pula da cachoeira das orelhas das paredes
Pula da parede do Jornal nacional
Não aguentou e foi assistir novela
Sabe o que mais?
A religiosidade grita com as pessoas
Mata
E encurrala cérebros perfeitos em chiqueiros.

Solidão: no abismo dos sem amigos.


Se fosse falsa e tivesse demasiada inveja
Teria amigos
Se tivesse dinheiro
Teria amigos
Se tivesse sinceridade
Teria amigos
Se tivesse perdão
Teria amigos
Se tivesse amor no coração
Teria amigos
Se não tivesse impropérios na língua
Teria amigos
Se tivesse olhos
Choraria e ainda sim teria amigos
Se tivesse sinceridade nos comentários
Teria amigos
Se não chafurdasse na inveja
Teria amigos
Se tivesse igreja na porta
Teria amigos
Se não fosse tão piegas
Teria amigos
Se tivesse uma pedra na boca
Teria amigos
Se não fosse superficial
Teria amigos
Se fosse virtual
Teria amigos
Se fosse mais caridosa
Teria amigos
Se fosse a pessoa mais sagaz
Teria amigos
Se tivesse um pingo de pudor
Teria amigos
Se tivesse faculdade
Teria amigos
Se fosse mais legal
Teria amigos
Se fosse menos formal
Teria amigos
Teria
Teria
Amigos
Amigos
Malditas conjugações de verbo
Conjugar verbos na solidão
Teria amigos
Se saísse de casa
Teria amigos.
Se não escrevesse poesia
Teria amigos.
Se amasse?
Não. Não teria amigos.
Apenas amaria a si mesma.
Se não usasse uma máscara de mil faces
Teria amigos
Se dançasse no fogão
Teria amigos
Se assasse esqueletos
Faria um livro
Queria ter tido irmãos
Mas tive cachorros
Queria ter tido um namorado
Mas tenho um segundo pai
Se não tivesse namorado beato
Teria amigos.
E por aí vai
Os motivos pelas quais não quero mais amigos.
Se tivesse doença grave
Teriam pena

Amor de pelúcia


Prostituta virgem
Paródia de sorriso
Língua enrolada
Beijos animosos
Nada de novidade
Depressão sem endereço
Mão com três dedos
Dá no mesmo
Ao dizer: amizade sincera.
Ninguém é um arco íris completo
Todos são maus.
Todos são bons
Sou a mais vespa
A mais medíocre dos seres
Gostaria de um coração virgem
De uma solidão com companhia
Amor sem " eu te amo" tão forçado
Queria ser o ponto de equilíbrio de alguém
Gostaria que Per Gessle cantasse na minha solidão
Gostaria que Sinead o'Connor fosse minha irmã
Que Dolores o' Riordan fosse minha tia
Queria ser irmã de algum humano
Queria que a inveja não fosse filha direta do meu dicionário
Quero um beijo de um monstro
Quero um abraço das minhas paredes
Quero comer poeira
Degustar poetas
Viver a personagem direta da vida de um ser.
Fazer a mínima diferença em olhos cristalinos
Me jogar da ponte com uma cama lá em baixo me esperando
O ciúme me mata.
Não é o anúncio de suicídio
Apenas alguém/alguma do meu eu
Que queria escrever algo de útil
Queria um namorado perfeito
Queria jogar os beatos pela janela
Dar descarga no cérebro da minha futura ex sogra
As minhas lágrimas podiam sorrir
No coração  poderia existir janelas
O meu está cercado de favelas
Queria mesmo é que verdades fossem mentiras
Que monólogos fossem conversas com amigos
Queria sair enrolada no papel de picolé
Desconfio dos meus olhos
Não acredito nas minhas lágrimas de crocodilo.
Não tenho mais audiência para poeta
Apenas uma entrevista com o cinto de castidade
Do meu pupilo.
Serei paz e sorriso
O dia que os epitáfios sorrirem pra mim
O dia que a terra cobrir minhas mãos
O dia que o amor me sorrir chorando
O dia que ancorar meu sorriso verdadeiro dentro de um coração derradeiro
O dia que não for só mamãe e papai dizerem que me amam
Serei feliz o dia que alguém não ser meu amigo com uma faca dentro do sorriso
Serei feliz o dia que não escrever nada metaforicamente
Cravou-se as pegadas de castidade  no teto da garagem
Por que eu não amo um homem ?
Só zumbis que se escondem na igreja?
O homem que eu amo se esconde numa casca de ovo
Sou preconceituosa
As músicas do Roxette falam aos meus olhos
Pedem que as minhas lágrimas não fujam
Pedem que eu saia de casa e tenha amigos.
Pedem pra eu sorrir e viajar
Dizem que o amor é verbo
Falam até de plantações de tomates.
E eu?
Escrevo biografias dos meus vários "eus"
Não sei qual eu está escrevendo agora.
Pode ser o da tristeza
Ou da lamúria.
Essa mentira que a felicidade está nas pequenas coisas
É verdade. Mas me cheira a livro de autoajuda
Felicidade. Procurando o nemo é a mesma coisa.
Queria narrar a vida das paredes
Das aves do cemitério
Do meu canário belga que canta junto com Per Gessle
Vou encher a banheira do Horácio de lágrimas
Vou dar remédio pra ele ficar vermelho
Horácio, meu canário salsa.
Que canta pra eu dormir.
Horácio ama a música
Eu amo Horácio.
Horácio é meu irmão
Os sofismas são meus amigos
Os filosos mentem constantemente
Eu converso com meus amigos interlocutores.

Ao último suspiro de vida: sonho uma "homenagem".


Vou contar o sonho do sonho que tive à noite
Cemitério o lugar que ninguém quer ir dizer: adeus
Aos ausentes que fazem dele sua nova moradia
A tristeza que corrói os indigentes
A mãe do meu amigo e quem sabe pode ser o amor da minha vida
Só que isso não vem ao caso
A um irmão de coração que perdeu a progenitora
Irmão?Não sei. Pode ser. Ou não
Às lápides que tem os nomes enterrados também
Não. Não direi : aos vermes que comerão carnes
Falta de respeito
Mas que vi um verme saindo de seus pulmões, eu vi.
Uma forma deveras maléfica de dizer
Mas algo que voou da boca da pobre mulher
Vi o último aperto de um filho esvaído de forças
Nesse sonho eu andava pelo cemitério
Meus cabelos curtos se esvaíam ao vento
Sei que isso não interessa
Devaneios da minha parte.
Quando um grupo de amigos do meu atual bairro me chamou
Para ir à Ilha do Governador
Me vi perdida.
E mais. Era show de cantor gospel.
Coisa que realmente não sou fã
Estranho, não?
Se meu melhor amigo mora em Fortaleza e eu estava junto dele também
Um sonho tão inverossímil
Ou não sei se meu espírito desprendeu do corpo
E saí volitando por aí
Não. Não estou me divertindo.
O que Per Gessle fazia em meu sonho?
E por que ele era meu professor na faculdade?
Por que beijei meu amigo no sonho?
Sou uma rameira?
Não. Só digo asneira.
De Fortaleza ao Rio de Janeiro
Em certo momento fui com ele pegar o pote do corpo cremado
Cleiton derramava lágrimas e eu morria de vergonha por não chorar também
Aliás. Se não fosse o acaso, Dona Fanca seria minha sogra.
Confuso porque vi o corpo da mulher no caixão
Vi a mulher mesma dançando em espírito em cima dele
Arrancado um pulmão podre do espírito
Isso é possível?
Não sou irônica de dizer: força.
Até porque não estamos na aula das leis de Newton
E pra ser sincera passei a odiar Física.
Detalhes,isso não vem ao caso.
Só sei que no trajeto até a Ilha do Governador
Fiquei perdida
Meus amigos sumiram no ônibus extremamente lotado
Fiquei em Belford Roxo não sei como
Dona Fanca apareceu pra mim
Quase enfartei e vomitei meu pulmão direito
Que pra todos os efeitos era o pulmão que ela tinha perdido a vida
Você pensou o que?
Que ela viria se vingar e arrancar meu pulmão?
Não. Se pensou isso.
Meu sonho não iria ser um filme de terror clichê.
Modéstia, mas meus sonhos são muito reais
Dona Fanca.
Ela disse pra eu cuidar do filhote dela.
Meu amigo.
E que ela estava bem.
Isso me deu medo.
Mesmo assim acordei perdida em Belford Roxo
Não, sei se tem alguma coisa a ver com o caminho da Ilha do Governador
Só sei que meu deu um medo danado
Que eu nem sei o valor.
Só sabia que a mulher estava vestida de branco
Não queria ver determinadas coisas.
Nem muito menos ter sexto sentido.
Mas pude concluir que a mulher passa bem nesse exato momento.
Per Gessle?
O meu amor platônico
Porém foi tão legal ele falando de Cálculo 1
À base de música
Me senti tocada por ele também
Se perguntou pelas cinzas do corpo da defunta?
Cleiton colocou dentro do violão
E disse que faria música ao som das cinzas
E do arame farpado das cordas do novo violão
Provenientes da cerca que Dona Fanca jazia morta.
Mesmo assim eu acordei perdida.
Fiquei deprimida
Por que contei detalhes de misturas do fictício sonho?
Pareceu uma verdade sem nexo
Foi um sonho , porém 90% das coisas aconteceram.
A única coisa que poderei dizer agora: descanse em paz.