sábado, 16 de junho de 2012

Amor de pelúcia


Prostituta virgem
Paródia de sorriso
Língua enrolada
Beijos animosos
Nada de novidade
Depressão sem endereço
Mão com três dedos
Dá no mesmo
Ao dizer: amizade sincera.
Ninguém é um arco íris completo
Todos são maus.
Todos são bons
Sou a mais vespa
A mais medíocre dos seres
Gostaria de um coração virgem
De uma solidão com companhia
Amor sem " eu te amo" tão forçado
Queria ser o ponto de equilíbrio de alguém
Gostaria que Per Gessle cantasse na minha solidão
Gostaria que Sinead o'Connor fosse minha irmã
Que Dolores o' Riordan fosse minha tia
Queria ser irmã de algum humano
Queria que a inveja não fosse filha direta do meu dicionário
Quero um beijo de um monstro
Quero um abraço das minhas paredes
Quero comer poeira
Degustar poetas
Viver a personagem direta da vida de um ser.
Fazer a mínima diferença em olhos cristalinos
Me jogar da ponte com uma cama lá em baixo me esperando
O ciúme me mata.
Não é o anúncio de suicídio
Apenas alguém/alguma do meu eu
Que queria escrever algo de útil
Queria um namorado perfeito
Queria jogar os beatos pela janela
Dar descarga no cérebro da minha futura ex sogra
As minhas lágrimas podiam sorrir
No coração  poderia existir janelas
O meu está cercado de favelas
Queria mesmo é que verdades fossem mentiras
Que monólogos fossem conversas com amigos
Queria sair enrolada no papel de picolé
Desconfio dos meus olhos
Não acredito nas minhas lágrimas de crocodilo.
Não tenho mais audiência para poeta
Apenas uma entrevista com o cinto de castidade
Do meu pupilo.
Serei paz e sorriso
O dia que os epitáfios sorrirem pra mim
O dia que a terra cobrir minhas mãos
O dia que o amor me sorrir chorando
O dia que ancorar meu sorriso verdadeiro dentro de um coração derradeiro
O dia que não for só mamãe e papai dizerem que me amam
Serei feliz o dia que alguém não ser meu amigo com uma faca dentro do sorriso
Serei feliz o dia que não escrever nada metaforicamente
Cravou-se as pegadas de castidade  no teto da garagem
Por que eu não amo um homem ?
Só zumbis que se escondem na igreja?
O homem que eu amo se esconde numa casca de ovo
Sou preconceituosa
As músicas do Roxette falam aos meus olhos
Pedem que as minhas lágrimas não fujam
Pedem que eu saia de casa e tenha amigos.
Pedem pra eu sorrir e viajar
Dizem que o amor é verbo
Falam até de plantações de tomates.
E eu?
Escrevo biografias dos meus vários "eus"
Não sei qual eu está escrevendo agora.
Pode ser o da tristeza
Ou da lamúria.
Essa mentira que a felicidade está nas pequenas coisas
É verdade. Mas me cheira a livro de autoajuda
Felicidade. Procurando o nemo é a mesma coisa.
Queria narrar a vida das paredes
Das aves do cemitério
Do meu canário belga que canta junto com Per Gessle
Vou encher a banheira do Horácio de lágrimas
Vou dar remédio pra ele ficar vermelho
Horácio, meu canário salsa.
Que canta pra eu dormir.
Horácio ama a música
Eu amo Horácio.
Horácio é meu irmão
Os sofismas são meus amigos
Os filosos mentem constantemente
Eu converso com meus amigos interlocutores.

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