quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Olhar Brasil






Estou internada no hospício da vida
Comendo todo o tipo de lixo
Vivendo o ápice da insonia
Bebendo o sangue da desigualdade
Ouvindo cultura e não música
Sendo figurante numa cidade tão sórdida
Tentando usar letras pra expressar o que sinto
Estou tomando banho com as mazelas do meu país
Comendo biscoitos com sabor de corrupção
Dançando e me acomodando eu vou
A poluição soa como corações
E corações soam como buzinas de carros
Eu ainda não sei o que é País
Só sei que pensam que aqui é paraíso
Estamos esculpindo nossos filhos
Pão e circo acabou
Agora é o circo "brasil"
Como podemos ser tão egoístas?
Achando que só o voto muda?
Você sorri até na hora de uma multa
Rasguem seus papéis e acordem
Se não serão as festas
E sim nós nos tornaremos cinzas
Nação oca
Vergonha disso
Vergonha de mim mesma por ser mais uma acomodada
Vergonha de ser brasileira
Medo de não subir ao pódio de medalhas compradas
Copa, hospital,doença e educação
Simplesmente não tem solução!

FeliCidade

Não se pode comprar felicidade
É difícil entrar na promoção
E como já sabemos não dá desconto a ninguém
Coisa de liquidação não presta
Ela nunca é plena na vida de nenhum mero mortal
Dura tão pouco e pode ser utópica
Vorazes brigam por ela
Antes de felicidade veem as guerras por ela
Sentimento estranho
Antes vem tristeza,Felicidade, tristeza
Nada disso me cativa mais
Sou a ponte do equilíbrio entre todas
Tento ser normal como meus amigos
Sair e me divertir
Mas a solidão me edifica a cada momento
Tento de verdade ser feliz ao lado de um amor
Mas me sinto melhor quando estou sofrendo por ele
Isso pra mim quer dizer: sou mais feliz na guerra pela felicidade
Do que por ela própria
Me sinto confortável com lágrimas
Odeio meus momentos sorridentes
Sou uma vestimenta barata do que é ser feliz
Em pleno verão tenho mãos frias
Gosto de lutar por algo até o fim
Conseguir me deixa deprimida
Prefiro a dor a comprimidos
Quero que eu tenha amiga reais um dia
E que me emprestam a felicidade
Não sei o que é
Nunca senti verdadeiramente
Digo um oi pra quem é feliz
E pra quem é triste?
Vive comigo e se bobear dorme comigo...
Amigos meus são raros
E mesmo assim eles vão embora
Me abandonam
Por isso eu grito: o que é ser feliz?
Não sei.
Pode ser que engolir raios me faça feliz.

*-*-*-*-*Sem lágrimas*-*-*-*-*-*-

Era tarde de domingo e lá estava eu
No ponto mais alto da igreja
Os sinos soaram as 6 em ponto
Na mesma melodia fúnebre que estendia no meu coração
Daquele ponto via pessoas passando pela cidade
Queria ver algum casamento
Porém não costumam casar ninguém aos domingos
Vi ateus, gays,fanáticos por futebol
Todo tipo de gente no vilarejo
Decidi então descer e molhar meus pés no mar
Tantos casais felizes, tanto o fruto que eles davam
Sim, crianças
Lembrei então da promessa que havia feito pra mim mesma
Me isolar de seres de sexo oposto
Passar o resto da minha vida sozinha
Nessa hora começou a chover
O mar se tornou revolto
Enquanto todos corriam
Protegiam seus amados
Eu resolvi deitar na areia
Afogar literalmente minhas mágoas
Chovia muito
Minhas roupas estavam completamente molhadas
Procurei em todo canto e nas rochas
Onde eu gravei um coração talhado na árvore
com meu nome e do meu amado
Domingo era o dia mais feliz da minha semana
Era quando eu o via duas vezes no mesmo dia
Queria encontrar o gênio da lâmpada
Primeiro desejo : fazê-lo me amar
Segundo: Fazê-lo me pedir em casamento
Terceiro: Pedir pra eu ter ódio dele
Completo, magnífico
Costurando a minha boca
Queria ser uma boneca de pano
Ter coração de lata
Desenhar um sorriso nas minhas costas
Pra girar o corpo quando ver o Pupilo
Ando tão pálida, com olhos fundos
Coloquei meu coração pra dormir
Mas ele quer meu amor
Queria que ele batesse de acordo
Com o som que a bateria do pupilo
Quando parasse
Acabaria logo com a tristeza
Decidi dormir na areia
De manhã um salva vidas me chamou
Eu fui embora
queria subir num balão e continuar a voar em pensamentos
Até meu espelho me virou as costas
Minhas xícaras de café quebraram de tanto refletir minha angústia
Queria dar um tiro na barriga dele
Pra sentar do lado dele
e sentir o amor dele pulsar
Mesma que seja só o amor que ele tem pela própria vida
Queria passar batom com o sangue quente que jorra dele
Amor e ódio são marido e mulher
Pai e filho
Cachorro e gato
Amor e ódio
A base do veneno da alma
Por enquanto meus alicerces...