quinta-feira, 12 de abril de 2012

Meu pesadelo da tarde

Meu algoz
Estou amarrada no fundo do mar
Carros vão e vem
Sufocada, estonteada , sem fôlego
Segundos apenas e minha roupa de mergulho ficou presa
Tortura
Por incrível que pareça
Um homem me puxou numa rede de peixes
Uma sereia por minutos eu fui
Cuidou do meu corpo
Me carregou para uma simples cabana no meio do mato
O coaxar dos sapos me inebriou
Local tosco, humilde
Me dava de comer
Mas mal se comunicava comigo
Até que para o meu azar eu estava sem meu dedo polegar
Minha mão estava com sangue podre
Bichos pousaram no local sem dedo
Até que descobri que não estava ali por acaso
Os meus dias de tortura só estavam começando.
Ele comandava um massacre
Vi vários corpos moldados
Sim.
Porque eram arrancados pedaços de várias mulheres
Em busca da perfeição
Montar mulheres mortas com pedaços de outras
Horrível
Apenas vi uma das minhas melhores amigas do meu lado
Ela estava sem a perna direita
Mas como poderiam achar uma perna proporcional?
O que fizemos para estar naquele local?
Éramos espancadas diariamente.
O nome do homem era Adão
O sujeito adorava mulheres com expressão da sua esposa morta na guerra
Esfacelada
Buscava em todos os lugares algo que lembrasse partes do corpo dela
O que estaria reservado para mim?
O verme me dopava e me deixava dormindo dias a fio
Até que um dia eu morri
E quem passa a narrar a minha vida são as sombras
E meu espírito observava meu corpo deitado no caixão
Meu namorado estava incrédulo
Carregou meu corpo depois que meu velório acabou
Daí começaram suas complicações.
Ele virou amigo de Adão.
Porém eu estava inteira
Mas agora ele mataria em busca de novos dedos polegares.
Sete anos se passaram e Nicole , minha amiga
Estava em uma cadeira de rodas sem sua perna
Até que a filha dela morreu
Misteriosamente
O massacre continuava
Adão faleceu de ataque fulminante do coração
Tudo recomeçaria com turistas que chegavam
Todos os dias para visitar a cabana
A tudo continuaria como um fétido filme de terror
Aliás iguais
Se não fosse o nascimento de detetive chamado vingança
Moral do sonho: o mal que desejamos se transforma numa bola de neve interminável. Estranho , porém com uma certa pitada de verdade.O ódio que sentimos de alguém o nosso pior veneno.Queria que isso fosse o começo de um livro. Quem sabe um dia.Entretanto foi apenas um pesadelo que tive durante um cochilo à tarde.Percebi que foi um alerta.Não quero saber de onde.Mas o ódio poderia me matar.O que vou esfacelado representa ,talvez meu coração.Enfim, e ainda bem que existe o perdão.

Direito ao silêncio.

Acorde ! Sua janela está fechada.
E pare! De falar mal dos seus vizinhos.
A roupa do varal deles não está suja.
Sua janela que está infestada de teias de aranha
A maldade está dentro de você.
Ei, você que reclama da vida.
Queixa-se de amores não correspondidos
Acorde.Abre os olhos para o tempo.
Apesar de meu coração estar em dois lugares
Em diversos momentos.
O silêncio amargo do que chamam de amor.
Triste, sim.
O pior dilema não é a dor presente.
O grave é esquecer o passado
Ter o choro abafado por batidas de coração
Ter páginas de livros molhadas
Parece deprimente, não?
Aquela velha história
Colhemos o que plantamos.
Plantei amor, compreensão .
Todavia estou colhendo dor
Peito estafante.
Olhos sombrios, feição triste.
A chuva chorou por mim e molhou minha janela.
Limpou as mágoas
Não tenho mais ódio.
Lágrimas mornas descem minha face
Nunca esboçarei o sorriso de antes.
Depressivo?Tomara que eu esteja errada.
Não escolhi ser infeliz.
Apenas sou.
Solidão.
Mantenho-me calada há dias.
Nem as palavras deram o ar da graça
Sussurro sozinha em meio as almofadas
Completamente  abandona. em pensamentos e atitudes
Devaneios tentam participar de mim
Não pretendo mais narrar o amor que sinto
Explicar momentos
Criar metáforas para momentos especiais
Aprendi que não vale a pena lutar por certas coisas
Não vale de nada certos que disseram ser amigos.
Seria ingênua?
Sim, um pouco.
Morrer de amor é crime hediondo.
Esperar o príncipe dentro de casa
Um castigo
Sabe qual é minha música?
O jorrar de lágrimas, o pulsar do coração
O canto dos pássaros.
O dia que sorri pra mim
Sabe o meu diário?
Lembranças da época que eu me sentia feliz.
O que teria feito eu?
Até um simples animal de estimação me deixou
A mercê da vida.
Ele se foi.
Virou estrela, ou foi morar na lua.
Goiabas tão azuis
De joelhos procuro um força maior
Uma força divinal que seja capaz de me ajudar
Parece não adiantar.
Até hoje dizem que a felicidade está dentro de mim.
Mas eu a matei.
Não tenho direito
E sim obrigação de ser feliz.
Tentando
Ei de conseguir.
Acorde ! Sua janela está fechada.