sábado, 7 de julho de 2012

Conjugação da dor

Meus pais não me ensinaram a conjugar o amor
O subjuntivo manda lembrança ao meu chão
Queria ser a primeira a pisar na terra do antagonismo
Fui a primeira a quase morrer de platonismo
Ou não.
Fui a milésima a querer chutar transeuntes
A igreja dentro do meu coração grita
A gruta que eu tenho nos olhos me sorriu
Os sinos da praça da cidade badalaram mais alto
O amor imperativo passar sugar minhas sensações
As palavras do membros da igreja apenas dançam
Apenas admoestam eles próprios
A sensibilidade vem com cor, com cheiro, desespero
Vem estampada de tédio
O passado deixou uma marca de sangue azedo na parede
A lua derreteu e invadiu meu quarto
Sabe aquela sensação do palhaço se vestir de fantasma?
Seus olhos vestidos de ternura
Sua vida cheia de candura
E ainda me olham de cara torcida
A hipocrisia do peito humano
Soa como cheiro de esgoto
As roupas das mulheres.
O cabelo grande.
Cabelos.
Cabelo que é véu
Isso te faz ir ao céu?
Dormir na contra mão
Dançar e chutar com um anão
Deveras.
Pendure seu cabelo no céu
Talvez assim os evangélicos alcancem
Por que existe religião?
Seria eu a escória de todas elas?
Amo o evangelho
Só temo a conduta deles.
Dos praticantes equivocados.
Adeus.
Fiquem soprando
Mordendo a porta da igreja.
Deus está vivo
Ele é o verbo
Mas não é tão vingativo
Conjugar a dor valeria menos apena.
Limpando a poeira que os cupins deixam no banco