quinta-feira, 5 de julho de 2012

Viagem do vento

Meu coração soa como guitarras rasgando
Minha pulsação soa como um solo de bateria
Meus olhos piscam como sinfonias malucas
Do seu peito jorram mentiras fumegantes
Da sua lua sai uma espécie de vidro granulado
De mim sai apenas dúvidas
A veracidade do olhar dos amantes ainda não chegou ao meu diário
As músicas se rompem
A introdução da canção é lenta
Males afugenta
Coração que se arrebenta
Seu lacônico silêncio
Não. Não sei mais o que dizer
Os vitrais da igreja caíram nas minhas costas
O cintos de castidade vão apertando sorrisos
E gestos da volúpia.
A música urbana
Os cofres de gelo e ouro
Os sorrisos com saber de corrupção
Vou tragar olhares
Me afogar na fumaça do seu cigarro
Morder a estupidez como se fosse ironia
Façamos violões com arames farpados
Sorrisos costurados
Máscaras de felicidade
Fechadura de discórdia
Você vai rir
Seu vizinho vai te odiar
Eu pretendo apenas viajar
A viagem turva do vento

Vertigem clichê

Meu namorado
Meu amigo
Meu pai
Meu irmão
Meus amigos
Todos
Felicidade sim
Amizade é presente
Paternidade também
E isso é clichê
O pão com manteiga é clichê
O arroz com feijão e ovo é clichê
E poesia perfeita é clichê
Sempre mordo a lua
Dou passos em direção ao mar
As metáforas que as ondas fazem com sensações
Meu namorado é a mais perfeita criação
Um esqueleto que quer se vestir de músculos
Um esqueleto nerd que quer ser matemático
A guerra que travo todos os dias
Limpando as lágrimas
A saudade que dói
Os clichês passam a doer
Não posso dar cartas nesse jogo
Sabe.
Ele mora do outro lado do Brasil
O futuro
O presente
Espera por dias melhores é tão desgastado
Decidi
Vou morder palavras
Brigar com a poesia
Brigar com a melodia
Virar o corpo pra coesão
Chutar a coerência dos meus dias
Esperar até o dia de abraçar meu pupilo
Beijá-lo com sofreguidão
Morder seus lábios
Afagar os cabelos
Meu monstrinho
Meu doce veneno
Minha dor boa
Ser sufocada pelo silêncio de um abraço
Pedir pra que o coração cale a boca
Pedir pra o clímax seja amigo de todos os nossos dias
Agradeço porque o terreno das lágrimas doridas
Secou
Eu queimei as fantasias de felicidade
Sou felicidade
Esqueço de escrever
Morro de amor sem perceber
Passo o dia com um sorriso teimoso
Isso é só a feliz vertigem clichê