segunda-feira, 18 de junho de 2012

Anestesia feita de poesia


Queria que cada gota de lágrima fosse uma nova música
Cada nó na garganta fosse uma vitória
Cada pesadelo fosse um sonho realizado
Cada fio de cabelo os sorrisos diários.
Não queria que as minhas músicas favoritas
Abafassem meu choro no quarto
Queria que cada atestado médico fosse um filho que eu tivesse
Não queria ser famosa apenas no meu âmago
Os pianos se enganam ao tentar cantar diante dos meus olhos
Peço constantemente que as minhas lágrimas não sejam teimosas
Não posso suportar o preço do meu próprio sofrimento
Há alguns meses não tenho coragem de visitar pessoas mais amadas
Sou um ser que ninguém conhece
E nem muito menos tenta conhecer
Não sei mais distinguir o som das lágrimas ao aperto vazio do meu coração
Só encontro esperança quando escrevo
Onde estão os meu melhores amigos quando tudo era bem melhor?
Aqueles que me chamavam de irmã?
Ninguém se importa com o outro quando está bem
Essa tristeza que vem como um trago sorrateiro nos meus olhos
Pensamentos recalcitrantes que parecem oriundos do inferno
Não sou um ser
Apenas existo
Dando sempre pra compor significados com lágrimas
Decisões com os ventos que atordoam a minha janela.
Um pedaço de mim está morto e não pode ser expelido
Do meu próprio eu
Sem dias ?
Ou cem dias?
Cada metro de asfalto me traga felicidade
Que os meus cigarros não corroam meus dentes
Que meus peixes não se afoguem
Peço só uma rodada de talento
Que os meninos dos olhos vermelhos se lembrem de mim
Que o passado fuja de mim
Fico me embebedando de poesias
De personagens
E jamais de mim mesma.
Estar triste é um estado de perfeito equilíbrio entre a felicidade constante
Me encontro em um estado profundo de depressão
E parece que o meu estado é de "alegria"
Sinto alegria por estar triste
Estado latente
O câncer dos sentimentos
Chamo de depressão
Não, tenho depressão
É apenas um dos meus momentos anestésicos
Dos tragos taciturnos
Deveras esmagados pelo perder do tempo
Do conversar com o tempo
De sorrir pra ele
Desvarios com os pássaros presos na cerca farpada de arame
Qual é a renda que tece os fios do destino?
Quando a linha que tangencia o  futuro da humanidade?
As lições de moral advindas dos mortais.
Morre
Estufa
Não tenta nem fazer fotossíntese
Sabe onde estou?
Na sociedade dos poetas virgens, intrépidos
O rebolado da poluição em demasia
O rebolado da compra de cérebros eletrônicos
E eu só vou velejando com o rumar dos pensamentos
Converso com eles
Moro com eles
Casarei com eles
Só que ano que vem
Não sei se os meu próprios pensamentos hão de me aturar.