terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quaisquer pisadas.

Os sonetos morreram assim que ele se foi
A lua pareceu perder o brilho
Os passarinhos ao redor cantavam
Expressavam seu sorriso sarcástico
As rosas murcharam imediatamente

Lágrimas fizeram questão de nascer
O canto dos pássaros ia morrendo
A minha carne estava pronta para ser abatida
Foram alguns passos
Passadas leves.

Passadas tal qual a sinfonia derradeira
Como um último suspiro
O vento sorria com mais força
A minha carne começou a gelar
As lágrimas não ousaram sair da minha face

Mais uma vez a carne foi pisada, triturada
Torturada em quaisquer sinônimos existentes
O beijo derradeiro
Ele levou dos meus lábios

A carne marchava em tom fúnebre
Pronta para ser abatida
Cortada, rasgada em pedaços tão pequenos
Jamais voltaria ao lugar

Por segundos as lágrimas cessaram
A carne estava sendo massacrada
O coração batia tão vagarosamente
Parecia parar
A narrativa não poderia continuar

Minha alma ficou vazia, limpa, cálida
As lágrimas regavam o terreno árido onde passavam os transeuntes
A carne seria mais pisada e regada de passos ao longo do tempo
Até que hoje
Ela permanece na inércia
Ao som de um coração inerte
Pintada de uma tinta translúcida

As lágrimas cessaram
O vento as secou
Os pronomes não encontram o lugar certo
A carne está tão desgastada
Que não sente mais quaisquer pisadas.