segunda-feira, 2 de julho de 2012

A paixão morta pelo amor

Sabes qual é a diferença de amor e paixão?
Respondo-te. Nenhuma
A mesma que não há diferença entre sol e mormaço
Dias sem sol e ainda quentes
Bronzeiam a pele dos transeuntes da mesma forma
Qual é a diferença da sua janta e um pão velho?
Não estarias tu alimentando-se?
Me entrelaça no seu corpo
Beije-me sofregamente
Faça de um beijo uma eternidade
Faça do seu coração o pedaço fumegante da minha razão
Distância, tu perdeste agora e sempre
A mesma coisa entre chuva e orvalho
O que é amar para você?
Daria a vida pela pessoa amada?
Mil versos te daria
Se eu fosse poetisa
Mil mares
Mil noites
Mil anos
E nada mudaria
Se não houvesse amor
Eu não escreveria
Se os dias não existissem
Mil vezes te beijaria
Se o dia se esvaísse
Mil vezes te ligaria
Se o amor morrer?
Começamos tudo de novo
Os desvarios do tempo
Hão de estancar as minhas lágrimas
Não sei se choro de felicidade ou tristeza
Qual a diferença entre o amor da minha vida e eu?
Apenas somos de corpos diferentes
Como eu posso ser tão estúpida?
Escrevendo palavras primitivas
Amores primitivos
Sentimentos singulares?
Amo-te tanto
Assim como as nuvens amam o céu
Assim como a areia que encosta no mar
Amo-te mais do que minhas metáforas pobres
Amo-te mais do que os pleonasmos que piscam sobre mim
Amo-te mais que a poesia
Amo-te mais que o poema
Vamos parar o tempo com nossas fotografias
Vamos dar luz
A locais com mais luz ainda
Vou apenas esperando tudo
E tudo pra mim
É você

Saudade de inverno

Os olhos negros que me fitam
Não fazem parte da boca que me beijas
As mãos que são me dadas
Não são as mesmas que me acariciam
A volúpia que tingiu minha mente
Parece morrer a cada dia
As pegadas que me seguem
São costuradas com o meu futuro
Os desvarios que procedem
Minha louca boca morre
O prato de feijão não é o mesmo que alimenta
O amor divino não se compara ao meu
Queria ser amor.
Pobre de mim que apenas vou sentindo
As cercas do meu quintal
São de arames farpados
O muro do vizinho um desatino
Aos gemidos dos gatos da rua
Vou tecendo palavras apenas emaranhadas
As sombras que não possuo
Vou dizendo francamente adeus
Ao vestido rosa que aquece meus ombros
Ao esqueleto que malha
Que veste
Que me apetece
Quer se vestir de músculos
Aos meu infortúnios da minha família
Queria me chamar Emilia
Vou andando
Mordendo os lábios
E quem sabe a ansiedade me ajude
A pisar na saudade
No meu universo sem rumo
Apenas vou sorvendo
A triste saudade do meu inverno