segunda-feira, 2 de julho de 2012

Saudade de inverno

Os olhos negros que me fitam
Não fazem parte da boca que me beijas
As mãos que são me dadas
Não são as mesmas que me acariciam
A volúpia que tingiu minha mente
Parece morrer a cada dia
As pegadas que me seguem
São costuradas com o meu futuro
Os desvarios que procedem
Minha louca boca morre
O prato de feijão não é o mesmo que alimenta
O amor divino não se compara ao meu
Queria ser amor.
Pobre de mim que apenas vou sentindo
As cercas do meu quintal
São de arames farpados
O muro do vizinho um desatino
Aos gemidos dos gatos da rua
Vou tecendo palavras apenas emaranhadas
As sombras que não possuo
Vou dizendo francamente adeus
Ao vestido rosa que aquece meus ombros
Ao esqueleto que malha
Que veste
Que me apetece
Quer se vestir de músculos
Aos meu infortúnios da minha família
Queria me chamar Emilia
Vou andando
Mordendo os lábios
E quem sabe a ansiedade me ajude
A pisar na saudade
No meu universo sem rumo
Apenas vou sorvendo
A triste saudade do meu inverno

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