segunda-feira, 1 de julho de 2013

Expresso transitório

Trilhei caminhos de lágrimas
Criei tornados que tornaram-se cicatrizes
Ousei brigar com o tempo e ele ousou sorrir-me
A morte sorria e tardou a chegar
As tardes ficaram inóspitas quando resolvi sorrir
Os paradigmas foram embora
O esboço de sorriso se esvaía naquele dia

O dia parecia brincar de não querer amanhecer
Um sorriso ,apenas um sorriso
Os antagonismos da vida não puderam ser vividos
A morte estava lá
Olhando qualquer um
Secando suas lágrimas
A brisa soprou com força e levou consigo momentos

As rosas ficaram enegrecidas
Plácidas e pareciam sorrir
O piano estava desafinado
Só conseguia ouvir solos de guitarra do meu grande amor
Pingava sangue e névoa da poesia
A crônica mentia
O poeta ousava em morrer de mim

A guitarra chorava, o violino estava desafinado
Como pássaros calados num dia frio

Ousei mentir à mente
Ousei errar e mesmo errando
A crase não me sorria
Dançar com coração
Não consultei a razão
Apenas amei.
Amei o mais que pude
Até doer
Até vir o fim de semana
Fui diretamente mergulhar num copo d'água
Ousei fingir que não tinha inconsciente
Criei um divã imaginário no meio do jardim de rosas pálidas

Encontrei beijos
Mergulhei no momento

Uma espécie de torpor e aquecimento
Ah!Quem me dera o amor
Ele não existe
É tímido e se esconde atrás da morte
Ele se fantasia
É substituído por sinônimos
Sorrisos fizeram as pazes com a minha face
Sabe o tudo?
O tudo é o nada
É o real inexistente
E além da existência
Coexiste com um grande amor
Caminho apenas para o grande expresso
O transitório lunar

O céu só mostrava sua face cinzenta
O mundo era o próprio formato de um alma decadente
As lágrimas teimavam e sumiam da minha alma
O poeta morreu
A vida estava parada com o sol num dia quente
As metáforas,metonímias e as rimas

Metáforas ferem o amor
Rompem a alma
Calam a boca dos transeuntes
Tenho sete nuvens em meu peito
Talvez fosse perfeito
Mesmo uma roupa extravagante 
Mas a rima é pobre
As penas dos pardais caem
Acima dos longos cabelos de uma dama

Os predadores comem os ninhos
As lágrimas ainda não chegaram nem na metade do rosto
Quando chegavam eram esboço
Lágrimas procurei um sinônimo
Mas ele se escondeu na partitura do meu piano
A batida do peito descompassou
Precisava partir
Palavras bonitas escondem o gesto do amor
Palavras bonitas mentem quando metafóricas

Ando devagar pisando nas folhas do outono
Vou andando
Vejo uma árvore
Ela ainda pode narrar um beijo de amor
Ser um canto para escrever
Porém chove
E a vida termina.