quarta-feira, 2 de maio de 2012

Três cicatrizes e um biombo


Lá vem aquele homem no cadilac azul
Traz vampiros que querem morder a boca da menina
Ela dança com tranças embutidas ao som de um rádio
Rádio com adesivos de caveiras
Se veste como uma meretriz
Poderia ser ela mulher
Aspirante por uma cicatriz nos ombros
No chafariz os intrusos gostariam de um banho
Dado o sinal do guarda
Ou campainha como preferires
Vamos! Corram atrás de um biombo
Bom, bam, bim [...]
Apenas três mordidas dos vampiros
Para ter uma menina deitada na poça de seu sangue
Olhos abertos e um corpo inerte
Não seria esta a melhor narrativa de vampiros?
Poetizando o que eles querem abocanhar
Seria um desafio narrar segundos
Em versos?
Queimar aquele página do seu livro favorito
É um grande desafio
Ou então narre segundos
De sua vida medíocre em versos,
Andar como mulher e ter sonho de menina?
Ser jornalista e virar a atração principal
Seria um bom começo
Dançar com colares de dentes
Pela ignorância seria macumba
Calma! Não me venhas com a intolerância religiosa
É apenas citação
Entrar na máquina do tempo
Ver a cor do vento
Dançar com nossos ancestrais
Sentar por segundos na fogueira da inquisição
Morder lábios e engolir biombos
Não, não pense que está lendo inutilidades!
Num sussurro
Digo-te apenas que essa seria a cena de
Um filme de vampiro barato.