domingo, 13 de maio de 2012

As mães e uma frase clichê



Cabelos esvoaçantes , nariz delicado
Sorriso sem ensaios e um amor eterno
Aquela que deu vida aos meus dias
Que me tocava quando eu era apenas
Emaranhado sem formato
Me levou dentro de si
Que nutre sentimentos lúcidos
Instrumento de minha vida
Chuva e trovão
Minha noite e meu dia
Progenitora, meu sorriso 
Quando quero gritar, armadilha do meu caminhar
Incerto e distante
Mamãe se assim preferires
Não ofereço flores 
Não canto como pássaros
E sei que nem ao menos posso voar
Nem ainda posso oferecer melodias
Acordes ou até uma canção
Simplesmente posso amar
Aquela que cose sorrisos em rostos lúgubres
Que leva consigo minhas bonecas
Acorda meus pensamentos
E me arranca de pesadelos 
É ela, mulher,mãe e esposa
Nada que se possa negar
Os olhos expressam seu caráter
Divino, abraços que aquecem amores platônicos
E de seu corpo saiu o sustento 
Meu corpinho em seus braços
Afagou-me a cabeça quando olhou o rosto
Bebê
Me carregou um pouco mais de duzentos e setenta dias
Com batom vermelho
Me ensinou a maquiar
A andar, falar mesmo que a primeira
Pronúncia não tenha sido "mamãe."
E como diriam os mortais
Os clichês e seja lá o que for
Que me dera um descuido 
E tu fosses eterna.
Algo que traria de volta o brilho das estrelas
A minha lenda diz que cada uma 
É uma mamãe que se foi
E sempre brilhará nos corações
Mortais que vierem a lembrar.




Duas gotas de lucidez


Os espelhos negam o que sou
Sorrisos vazios mentem meu nome
Pessoas não me amam como deviam
O vinho da taça está acabando
E não há ninguém para repor
Rosto pálido e desprovido de expressão
O tempo parece não ser amigo mesmo
Mordo os lábios até jorrar sangue
Aperto meus olhos até turvar-me a visão
Chame dia ou noite estou acordada
Não,não preciso ter poesia divulgada
Debochar é fácil
Experimente levar um tiro na cabeça
Nada, que não aconteça
Com certa ponta de lógica
Mitológica e sórdida manhã
Cheia de urubus curiosos
Os transeuntes nem me viram ainda
Role da cama e vá direto para o caixão
Guarde beijos em caixas de fósforos
Acenda os raios do céu com um "eu te amo"
O velho hábito do amor
Deveras ensurdecedor
Platina e alinha os olhos estrábicos
Quem tem um coração suicida?
Quem se atreve a ler meus versos?
Uma saudação pra quem gosta
E um só lamento para o que não apetece a ninguém
Morda os próprios olhos
Deixe que livros de autoajuda mintam
Quem precisa saber que amor próprio ajuda?
Mergulhe em letras e palavras
E aproveitando a piscina de molho branco
Beba duas gotas longas da lucidez
E tente morrer de amor