domingo, 13 de maio de 2012

Duas gotas de lucidez


Os espelhos negam o que sou
Sorrisos vazios mentem meu nome
Pessoas não me amam como deviam
O vinho da taça está acabando
E não há ninguém para repor
Rosto pálido e desprovido de expressão
O tempo parece não ser amigo mesmo
Mordo os lábios até jorrar sangue
Aperto meus olhos até turvar-me a visão
Chame dia ou noite estou acordada
Não,não preciso ter poesia divulgada
Debochar é fácil
Experimente levar um tiro na cabeça
Nada, que não aconteça
Com certa ponta de lógica
Mitológica e sórdida manhã
Cheia de urubus curiosos
Os transeuntes nem me viram ainda
Role da cama e vá direto para o caixão
Guarde beijos em caixas de fósforos
Acenda os raios do céu com um "eu te amo"
O velho hábito do amor
Deveras ensurdecedor
Platina e alinha os olhos estrábicos
Quem tem um coração suicida?
Quem se atreve a ler meus versos?
Uma saudação pra quem gosta
E um só lamento para o que não apetece a ninguém
Morda os próprios olhos
Deixe que livros de autoajuda mintam
Quem precisa saber que amor próprio ajuda?
Mergulhe em letras e palavras
E aproveitando a piscina de molho branco
Beba duas gotas longas da lucidez
E tente morrer de amor

Nenhum comentário:

Postar um comentário