sábado, 28 de abril de 2012

Flash Vital



Nesta manhã chuvosa recebi um embrulho
Um pacote vermelho com laços de fita
Procurei não abri-lo
No jardim os caminhos eram de pedra
Agora são de barro molhado
O que seria uma mesa com todos os criminosos
Em volta?
Você poderia estar no topo do mundo
E mesmo assim não é o dono dele
Dê-me uma frase de consolo
Dou pão aos cães ao invés dos pombos
Com palitos de sorvete montamos casas
Com bengalas palitamos os dentes
Nada além disso!
Vamos viajar pelo lixão
Amor reciclável está fora de cogitação
Em uma tela pitoresca procuro pintar
Tudo o que vejo a minha volta que se tornou
Uma leve baforada de cigarro
Mande a lua parar de chorar
O sol que pare de gritar
Mandem que as crianças não morram de fome
Não atenda seu precioso telefone.
Queria poder queimar um biombo com a ponta de cigarro
Me esconder numa pétala de rosa
Beber o copo da lucidez
Porém .
Então vamos ao embrulho
Rasguei com toda voracidade
O que era?
Meu coração enrolado
Em retalhos de pano de chão
Sorriso tão fugaz
Morda meus lábios como se fosse a primeira vez
Seja incansável com a tenra estupidez
Engoli em seco
Lágrimas, tratem de não nascer!
Virei os calendário de ponta cabeça
Nada que eu não esqueça
De fazer ou ruminar lembranças
Essa poderia, sim, ser uma canção insurreta
Tentei me proteger da chuva
Pra que ? Se as rosas não param de cantar.
Os patos não param de latir
E os cães continuam comendo pães.
Ah! E as pedras tocam bateria
Juro que pedi aos fantasmas para quebrarem os violinos.

Cela doce


Eu tenho um coração de tinta
Olhos com raios de luz
Casas em chamas que dão belas poesias
O que me apetece não interessa a ninguém
Vamos, passar o dia lendo um dicionário quem sabe
Tentarei escrever entre as muralhas que estão no meu coração
Redigir algo com gradação de sentimentos é algo
Não mais iria combinar comigo
Acalme-se, parece ter um anjo passando aqui
Sorrisos ácidos, risadas dissimuladas
As palavras podem devorar os dentes
Rimas , por favor, não sejam exigentes
Principalmente as ricas
Saudades de amores e brigas que jamais existiram
Foi uma peça que eu mesma me preguei
Dedos de pincel
As tintas são feitas de lágrimas doces
Colocar óculos no coração
Me dê sua mão
Tenho um coração mudo
Um cérebro cego
Uma boca entorpecida
Tentarei da próxima vez me esconder atrás de um biombo
Dar tiros pro alto para ser visitada pela polícia.
Ganhar um sorriso de um delegado
E quem sabe ter compania numa cela.