sexta-feira, 28 de junho de 2013

Virtude

Se eu soubesse escrever
Iria até você
Afogar-me-ia
Acalmar-me-ia em meio as ondas
Levaria areia do peito amargo até seus olhos
Pra que visse o amor

De amante pra deserto
Levaria pegadas de um transeunte sofrido
Levaria o amor como se fosse uma dicotomia ferida
Arrancaria porventura sorriso dos outros poetas?

As feridas comuns dos poetas.
Platão e seus irmãos
Ousaram abalar os poetas
Morreram enterrados em argumentos
A razão não explica a cerne humana

A filosofia seria feliz
Se pedisse perdão a poesia
E a alma humana

Voltar ao meu amor
Escrever e poetar sem métrica
Não tem perdão
O cordão de isolamento
Só existe no cemitério dos poetas

Eu tenho um sonho
Ser enterrada com poetas
E num futuro distante perder virtudes

Tortura lancinante

Rosas cálidas povoam a manhã que deveria estar sem flores
A saudade como espada a ser espetada num coração comprimido
Num coração que nem ao menos pele possui
Os espinhos da rosas não fizeram as pazes com a saudade
O amor parece explodir dentro de mim

Só preciso do seu sorriso pra viver
Dos teus abraços para ter direção
Das tuas palavras para pintar meu papel em branco de cada dia
Não preciso que falam mais de amor
Preciso senti-lo ,preciso estar envolta nos teus braços

Rosas com pétalas negras povoam meu lar no dia que ele partiu
Dos espinhos fiz um magnífico colar pra esquecer dores alheias
Meus lábios descarnados e comprimidos
Mãos doentes por ter a vida
Sobreviver em meio a vida dos alheios

Escapar da multidão e procurar uma camada de solidão
Procurar tristeza na felicidade
Procurar a canção do meu ser oposto
Desaprender a cada dia que as palavras são vazias em si mesmas
Pisar em cacos de vidro
Pra ter motivos de relembrar a saudade

Dançar em meio as trevas das lágrimas
Lembrar que possuo um grande amor
E mesmo assim não procuro acreditar

O vocabulário morrerá engasgado e junto
Às lágrimas podres que saem da minha alma
Quero cálices de bebidas amargas
Fogo ardendo dentro de todas as feridas
Pra que a tortura possa continuar
Lancinante em si própria
Torturando as almas dos humanos
Dos mortais
E peça licença e leve consigo meus pesadelos
Minhas lágrimas
E os meus sorrisos enganosos