domingo, 5 de agosto de 2012

Cidade das cicatrizes

Acordei em meio ao turbilhão
A chuva de palhetas calou o meu sono
O dia era apenas mais uma maneira de refúgio
As casas vitorianas me viravam o rumo
Tinha certeza que o ônibus da minha banda favorita
Passaria e me levaria rumo ao mundo do sucesso
A pele deveras alva parecia de confundir ao brilho da lua
O brilho do sol parecia ofuscar-me os olhos
O dia virava às costas de qualquer modo
Os transeuntes ignoravam-me
Aliás.
Todos.
Os ciganos nas carroças escondiam as guitarras nos riachos
As árvores escondiam os nomes de amores comuns não talhadas
O copo de café
Deu lugar ao mofo
A vida que tanto tinha senso de adivinhação
Pareceu se render aos corações e ao destino
As pinturas sorriam
As esculturas traziam reminiscentes do horizonte
Tudo tão vago
Tudo aturdido
Tudo tão camponês
Esqueço que passo os dias enclausurada na minha prisão
Esqueço que passo horas sorridentes
À espera do meu grande amor
Nas fogueiras
Só a lua e as estrelas assistiam o momento fúnebre
Da queima de todas as minhas poesias
As rainhas não tem mais castelos
São as madames de subúrbio
Gostaria mesmo era de um churrasco de vampiros.
Meus discos de vinil
Comprei uma vitrola no brechó da cidade
O crime?
Ah.
É aquele de deixar seu grande amor te esperar
Aquele que funda a todo instante a cidade das cicatrizes

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