quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Amor cadáver

Dormia no berço.O pobre saiu da sua zona de conforto.Foi levado para a periferia.Jogado no chão ele sangrava e pra completar recebia chutes de várias partes.Depois o indivíduo recebeu carinho e apoio dos pais.Mas não adiantava as feridas estavam inflamadas e pareciam cada vez mais profundas.Ele estava fraco, abatido e nada podia ajudá-lo.Ferido, sangrando e caindo em pedaços. Quando começa a criar cicatrizes, era novamente humilhado e espancado.Até que resolveram fazer pior.Sofreu as piores queimaduras, não havia como reverter a situação.Estava morrendo.Na uti, agonizava.Não respirava sozinho,inerte ali no canto como uma pedra.Fantasmas atordoavam a vida da criança.Os médicos sugeriam que fosse aplicado o método da eutanásia.Feito: os pais aceitaram. O bebê morreu.O caixão era miúdo e ficou fechado no velório pois estava fétido.Todos queriam observar a figurinha cadáver. Seu novo mundo seria necrópole.Mundo da morte.

Estória de agressão?Sim, esse é o dilema do meu coração.Não do músculo/órgão. E sim dos recônditos da minha alma.O berço significa quando estamos bem,completos sem precisar de alguém para amar.Os pais não necessariamente meus progenitores.Pais nesse caso meu ego. A única coisa nessa vida que me torna mais humilde é o amor não correspondido.O bebê representa a minha idade.Coração bebê é porque está aprendendo o que é o amor e a vida.
A uti simboliza que o amor que eu sinto pelo meu pupilo é paciente,sofre calado, e não agoniza em ciúmes.Sofre quieto, pois ligado a aparelhos não pode respirar sem eles.A eutánasia , o amor que eu tenho que assassinar dentro de mim.A morte : quando tudo está bem, o amor aparentemente acaba.O caixão é onde eu tenho que lançar fora as minhas mágoas, decepções e discórdias.As pessoas que observam isso morto : são vocês que ainda querem que eu lute por um amor impossível.

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