sábado, 26 de maio de 2012

Analogia solitária



Eu te amo basta?
Não.Redenção não bastou
Me apostatei de você e não findou
Desaprendo de escrever todo dia
A saudade trás machucados novos
As aranhas na areia viraram gelo e pó
As traças ficam bêbadas com minhas lágrimas
Hoje quando liguei pra ouvir tua voz
Perdi os ímpetos de abrir a boca
Não balbuciei nada
Apenas as palavras morrendo degoladas em mim
Desenhei um par de luas na tez
Mordi a língua até sangrar
Como é de costume.
Tatuei seu nome na minha parede
A minha janela não quer abrir
Queria até redarguir
Eu te amo basta?
Sonho com os teus sorrisos
Masturbo os pensamentos
Dá vontade de rir?
Só pensamentos e nada além disso
Nada de erotismo
Se existe vício
Sou viciada em tragar sorrisos teus
Tragar saudades e me drogar com tristeza
Dar um tiro nas têmporas acabaria com a dor terrena
E me mandaria pro inferno
Ou para o umbral como dizem por aí
Não gosto de por o "eu" na minha poesia
Mas sem eu não sou eu que escrevo é só a narradora
Por que não costurou meus olhos?
Me ame e me ensine a escrever
Me odeie e eu escreverei melhor ainda
Amo um sinônimo de homem
E o plural de fábula
Juro que procuro arduamente livros de autoajuda
Travo batalhas em busca da letra de canção que me traduza
A cada letra um lágrima
E assim vou me perdendo
Me afogando sozinha
Como se não bastassem meus pesadelos
Suas analogias não me surpreendem
Suas apologias me magoam
Seu sorriso é vazio
Procuro dunas no deserto
Pra esconder meu diário vazio
Três meses de distância me corroem
Minha vingança seria a felicidade
Todavia parece que eu só vou aprendendo a me traduzir
Descravar o fundo do coração no pedaço de papel velho
Cansei dos monólogos que travo com o espelho
Cansei do reflexo na sombra
Morri de susto da sombra do vento
Veja se isso vai bem dentro do teu âmago
Os alemães parecem se orgulhar de mim
E eu deles
Sou descendente direta deles
E talvez gostem do que eu escrevo
Os russos que eu diga
A frieza de lá
Talvez seja traduzida em meus versos solitários
Peço desculpa pela ignorância
Amo europeus
Meu público não vem da minha terra natal
E vou sendo feliz com sibilar de sentimentos sórdidos
Com palavras sem gosto
Olhos de repulsa a me seguir
Fazer o que
O que me basta são palavras chulas.
Me digam qual a cor de máscara que eu deveria usar?
A do sorriso talvez
Sabe o que me agride?
Morar num país que as pessoas tem o cérebro virgem
Meninas que tem amores
E mulheres que possuem exímios esdrúxulos.

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