sábado, 26 de maio de 2012

Sonhos de tinta abstrata


Sonhos de tinta preto e branca
A cor da tinta do seu sangue
A tinta que pinta coração
A tinta que pinta boca de palhaço
A tinta que pinta lágrima
A tinta que escreve isso
A tinta que morde a imaginação
A tinta que tinge o mapa
Tinta fresca que imprime meu sorriso
A tinta da lua pintada no céu
A tinta que pinta a roda viva
A tinta que dá cor às mentiras
Dos meus filmes de terror
A tinta da tela da minha mente
A tinta dos olhos azuis de meu avô
A tinta que teria meu olho alemão
A tinta que marca seus passos no asfalto
A tinta do czar que me sorri
Vou dançar nos campos de centeio russo
A tinta que sinaliza acidente em estrada
A tinta que mostra sua fraqueza e avareza
Pisar no solo alemão com sorrisos mesclados de preto e branco
Fincar a bandeira do Brasil em Portugal
Vou à França dos apaixonados
Vivo no Brasil dos engarrafados
Aqueles que me mandam enlatados de comida
Me afogar de cultura
Vou pra Europa, meu amor
Escrever e cravar poesia simples em alguns corações maduros
Vou dar com a cara contra o muro
Pegar o trânsito bacaninha de São Paulo
O rodear e rebolar das tintas
Tintas da minha tecnologia fugaz
Do seu sorriso atroz ao ler isso
A tinta dá cor aos meus discos de vinil com mofo
Qual é a cor da tinta que eu uso pra pintar corações funestos?
E pra cérebros virgens?
De que cor é a miséria do seu país?
Onde está a máquina de escrever dos meus amantes?
Qual é a marca do seu carro?
Pare pra ver
Olhe sua tv
Dê comida ao seu cachorro
Ao seu gato
E prenda seu sorriso na gaiola com o passarinho
Tadinho
Saia da sua piscina de musgo
Vou chutar sua casa.
Pisar na sua cria
Semelhante como faria com meus passarinhos
Onde está o vizinho?
Saia do seu ninho
Voe e pinte com tinta as suas asas.
Já tentou pintar com tinta o prato onde come?
Mata sua fome?
Pinte com tinta tudo a sua volta
Mergulhe seu coração num balde de tinta
A tinta que tece meus pensamentos
A tinta que muda meu humor
De qual será a cor?
A tinta do amor
Que faz escrever poesia
Sem torpor
Com aspereza
Com perspicácia talvez
Leia e espalhe meus escritos no seu país burguês.
Veja que sensatez
Acompanhou a poesia?
Tu és inteligente , quem diria

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