quinta-feira, 17 de maio de 2012

Monólogo da felicidade.


Levito na ponte que me separa de um amor
Mergulho todos os dias no sangue que escorre de lábios
Voo junto com as sombras das flores astrais
Danço com os ponteiros do relógio
Não obstante tento ligeiramente conversar com a dor

Armo arapucas com o reflexo que me sorri 
Chuto o espelho
Isso , bem rude 
Pra tentar me redimir dos erros 
Obsoletos que fulminam na jaula chamada passado

Derreto asas de abelha 
Cores me negam sorrisos
Os meus sapatos estão cansados 
De caminhar ao meu lado

A felicidade arfante nega o florir
O sentir e as vielas dos olhos negam tudo

Por que não ? Compro sapatos novos
Queria ser poeta
E mesmo assim reluta o amor

Queria ser cantor
Não se resta nada de ator
E ainda assim queria um triz 
Quero olhos de águia 
E sou humano

Não queria usar palavras funestas
O polissíndeto é o que me resta
Chora e esperneia e grita e geme
Nada, mesmo assim a vela acende

Transeuntes me negam um olhar.
Malditos! vão naufragar em sonhos
Vão comer pó de giz
Enquanto me faço de meretriz

Vou cravar letras de poesias frias
Em melodias que canta homem
E canta mulher.
Pode cantar e fazer música do que quiser

E choveu e amanheceu e rejuvenesceu
Polissíndeto prodígio
Não era para ser explicativo
Dê milho aos gatos
Dê carne as vacas não malhadas

Seja um viajante
Imundo
Isso mesmo, taciturno!
Felicidade por que és
Motivo de amargura e de anseio

Torna-se minha
Andas cabisbaixa mesmo
Vai embora, macilenta.

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